terça-feira, 25 de março de 2014

Conmebol. Lenta e ineficiente.


 
Por Guilherme Nagamine, do ESPN.com.br
Cerca de 45 minutos. Esse foi o tempo que a liga mexicana levou para tomar a primeira atitude contra atos racistas em um jogo de futebol. Um posicionamento bem mais rápido do que a Conmebol, que anunciou na última segunda-feira, após mais de um mês, a punição ao Real Garcilaso após o "caso Tinga".
O jogo que foi palco dos atos lamentáveis em terras mexicanas foi o empate em 0 a 0 entre León e Cruz Azul, no último sábado, válido pela 12ª rodada do Apertura 2014. Na primeira etapa, membros do time da casa perceberam que alguns torcedores visitantes imitavam sons de macaco toda vez que o volante colombiano Eisner Loboa tocava na bola.
A percepção do ocorrido foi rapidamente repassada ao comissário da Liga MX do jogo. Após tomar conhecimento do fato, ele, ao lado de autoridades municipais, identificou três jovens da organizada "La sangre azul", do Cruz Azul, como os responsáveis. O trio foi expulso do estádio Nou Camp perto do fim do primeiro tempo.
A medida mostra a eficácia do pacote antirracismo anunciado pela Federação Mexicana no último mês de fevereiro. Foi especificado que o árbitro deverá interromper a partida caso perceba manifestações racistas por parte da torcida e que poderá mandar esvaziar o estádio antes de reiniciar o jogo caso os atos persistam.
Todas as medidas anunciadas pela entidade seguem recomendações da Fifa e da Concacaf. No caso específico dos três jovens expulsos, eles podem ser banidos para sempre dos estádios mexicanos.
A eficiência ao protocolo estabelecido contrasta com o da Conmebol. No caso de Tinga, o jogo entre Cruzeiro e Real Garcilaso ocorreu no dia 12 de fevereiro. Após as primeiras reações, a entidade se manifestou e garantiu que analisaria o caso, tomando as medidas cabíveis. A decisão só veio na última segunda-feira, com a aplicação de uma multa de 12 mil dólares.
No RS e em SP, ações semelhantes também foram mais rápidas.
Além do caso de Tinga, os atos racistas contra o árbitro Márcio Chagas da Silva no Rio de Grande do Sul e contra o volante Arouca, do Santos, também tiveram respostas bem mais rápidas das respectivas federações e tribunais desportivos estaduais.
No Sul, Chagas da Silva foi vítima de racismo no dia 5 de março, no jogo entre Esportivo e Veranópolis. No dia 13, o TJD-RS puniu o Esportivo, clube mandante, com a perda de cinco mandos de campo e multa de 30 mil reais.
O caso de Arouca ocorreu no dia 6 de março. No dia seguinte, a Federação Paulista anunciou que o estádio do Mogi Mirim, local onde as ofensas foram proferidas, estava interditado por tempo indeterminado. Após a atitude da entidade, o TJD-SP entrou com a denúncia e julgou o clube na última segunda-feira. Foi deliberado que o Mogi terá que pagar multa de 50 mil reais e seguirá com sua casa vetada.

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